domingo, 31 de agosto de 2014

Isolado no trabalho, surdo cria Escola de Língua de Sinais


Postado por Maria Célia Becattini

29 de agosto de 2014 Fernando Tôrres



O sentimento de inadequação foi o ponto de partida para o curitibano Éden Veloso, 38, investir em um negócio próprio. Ele é surdo e, quando trabalhou em uma multinacional, sofria preconceito e tinha dificuldade para se comunicar com os colegas.



“Nenhuma pessoa da empresa sabia libras [língua brasileira de sinais], não tinha comunicação nem com os funcionários nem com os supervisores da área de produção. Todos sabiam que eu era surdo e me colocavam apelidos como mudinho, macaco”, contou o hoje empresário, que percebia as ofensas por leitura labial.

Formado em letras, resolveu então, em 2009, que se dedicaria às aulas de libras para que as empresas passassem a se comunicar com os surdos. Para isso, teve de criar o material didático e assim começou a Mão Sinais, em Curitiba.

O livro com DVD “Aprenda Libras com Rapidez e Eficiência” custa R$ 30 e já vendeu mais de 45 mil exemplares, diz Veloso. Com o dinheiro do material, o empresário abriu a escola de língua de sinais, que tem hoje cerca de cem alunos –apenas um deles é deficiente auditivo.

O interesse de pessoas sem deficiência em aprender libras surpreendeu quem esperava que o negócio não fosse durar. “Muitos falavam que era jogar dinheiro no lixo, pois ninguém tinha interesse em aprender uma língua pouco divulgada”, lembra Veloso, que considera esse o diferencial de sua empresa.

O empresário não revela o faturamento, mas cobra de R$ 110 a R$ 130 mensais por quatro horas de aula semanais. A escola também presta serviços de intérpretes e realiza cursos de capacitação para empresas. O trabalho ajuda a dar fôlego financeiro à escola, que só com as aulas ainda não se mantém.

Público interessado é restrito, mas foco pode ser segredo do negócio

Rodrigo Vianna, consultor do Sebrae-PR (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná), e Cassio Spina, fundador da aceleradora Anjos do Brasil, dizem que o número de produtos e serviços criados para atender a deficientes é pequeno e isso pode ser uma vantagem.

Segundo Spina, soluções voltadas ao público com necessidades especiais são minoria. Por isso, empresas que atendem a essa demanda podem virar referência e ter um público fiel.

Para Vianna, embora o negócio possa parecer segmentado, ele avalia que o mercado tem demanda, principalmente na internet. “O fato de estar em Curitiba faz com que menos pessoas tenham acesso. A expansão para a internet é um caminho natural e que fará toda a diferença para crescer. O mais difícil, que é a ideia e criar conteúdo, isso ele já tem.”

Esse é o objetivo de Veloso, que pensa em investir em educação a distância para aumentar seus negócios.

27% de brasileiros com deficiência trabalham por conta própria

A dificuldade para encontrar trabalho e empresas adequadas para receber funcionários com deficiência não é uma particularidade da história de Veloso. O censo demográfico do IBGE de 2010 mostrou que no país havia 20,3 milhões de pessoas com deficiência ocupadas. Dessas, 27,4% trabalhavam por conta própria –percentual maior do que o registrado no total da população (20,8%).

Em São Paulo, levantamento feito pelo Sebrae mostra que entre deficientes há mais empreendedores que entre pessoas sem deficiência.

De 23% a 27% das pessoas ativas economicamente com alguma deficiência no Estado são empreendedores, o índice é mais baixo entre deficientes visuais e mais alto entre deficientes físicos. Entre os paulistas sem deficiência, o índice é de 21%.

Fonte: site Mídia News por Lucas Pontes/UOL.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Oito sinais de que você pode estar com depressão!

Postado por Maria Célia Becattini

Doença, que atinge cerca de 10% dos brasileiros, é caracterizada por conjunto de sintomas que vão desde tristeza duradoura até problemas para dormir
Vivian Carrer Elias


Depressão: Doença pode dificultar concentração e raciocínio, prejudicando o desempenho no trabalho e nos estudos(Thinkstock/VEJA)

A depressão afeta 350 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e é mais prevalente entre mulheres. No Brasil, cerca de uma em cada dez pessoas sofre com o problema. Embora seja uma doença comum, a moléstia carrega estigmas que dificultam seu diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento adequado.

O primeiro deles está no fato de a depressão ser um transtorno mental. "Percebemos que o preconceito com as doenças mentais faz com que muitos pacientes, principalmente os homens, demorem a aceitar que têm o problema e a procurar um médico, atrasando o tratamento", diz Rodrigo Martins Leite, psiquiatra e coordenador dos ambulatórios do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.

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Limite — Além do preconceito com os transtornos mentais, a dificuldade de interpretar os sintomas faz com que uma pessoa demore a procurar ajuda. Os sinais podem ser confundidos com sentimentos naturais do ser humano, como tristeza, indiferença e desânimo. Esses sentimentos passam a configurar um quadro de depressão clínica quando a variação do humor começa a afetar negativamente vários aspectos da vida do paciente — da produtividade no trabalho e nos estudos às relações com outros indivíduos, passando pela qualidade do sono e a disposição física para realizar as atividades do dia a dia.

"Muitas vezes é difícil diferenciar a tristeza comum da depressão. O humor das pessoas nunca é constante, sempre vai existir uma variação. Uma situação negativa pode desencadear tristeza, luto. Isso é diferente da depressão clínica, que é uma síndrome que vem acompanhada por outros sintomas", explica Mara Fonseca Maranhão, psiquiatra da Unifesp e do Hospital Albert Einstein.

Definição — Os critérios atuais para diagnóstico da depressão — estipulados por entidades médicas como a OMS e a Associação Americana de Psiquiatria — determinam que, para ser detectada com a doença, uma pessoa deve apresentar ao menos cinco sintomas do transtorno. Entre eles, um deve ser obrigatoriamente o humor deprimido (tristeza, desânimo e pensamentos negativos) ou a perda de interesse por coisas que antes eram prazerosas ao paciente. Os outros sintomas podem incluir alterações no sono, no apetite ou no peso, cansaço e falta de concentração, por exemplo.

Segundo o psiquiatra Rodrigo Leite, os critérios dizem que esse conjunto de sintomas deve ser apresentado pelo paciente na maior parte do dia, todos os dias e durante pelo menos duas semanas para que seja considerado como sinais de depressão. Por isso, estar atento a sintomas como esses — e a duração deles — é importante para que uma pessoa procure um médico e saiba se precisa ser submetida a um tratamento.

Doença do corpo — As causas exatas que levam à depressão ainda não são completamente conhecidas. "Sabe-se que situações como problemas financeiros ou conjugais, desemprego e perda de um ente querido alteram estruturas cerebrais que são sensíveis a hormônios relacionados ao stress, especialmente ao cortisol. Com isso, há um desequilíbrio no cérebro que desencadeia os sintomas depressivos", explica Leite.

Apesar disso, a depressão não é uma doença apenas do cérebro – e levar esse fato em consideração é essencial para o sucesso do tratamento. "As pessoas precisam saber que, diferentemente do que se pensava antes, a depressão não afeta apenas o cérebro, e o tratamento não depende exclusivamente de antidepressivos. Hoje, sabemos que essa é uma doença de todo o organismo", diz Rodrigo Leite.

De acordo com o psiquiatra, cada vez mais a ciência mostra que a doença está relacionada a problemas como baixa imunidade, alterações dos batimentos cardíacos e acúmulo de placas de gordura no sangue. Ou seja, a depressão é também um fator de risco a doenças como as cardíacas, incluindo infarto e aterosclerose. "Ainda não está claro de que forma a depressão leva a essas condições, mas sabemos que a relação existe", diz Leite.

Por esse motivo, o tratamento da depressão não deve incluir apenas antidepressivos. "Pessoas com depressão também precisam evitar hábitos como sedentarismo, tabagismo e má alimentação, que predispõem mais ainda uma pessoa a doenças cardiovasculares. Os pacientes devem saber que mudar esses hábitos é tão importante no tratamento quando os medicamentos."

Os psiquiatras alertam que as pessoas, assim que notarem que apresentam sintomas depressivos — e que eles são duradouros —, devem consultar um médico. "O tratamento contra a depressão com antidepressivos, psicoterapia e mudanças de estilo de vida é eficaz, principalmente se for iniciado precocemente", diz Mara Maranhão.

Oito sintomas de depressão

1 - Alteração do humor


O principal sintoma da depressão é o humor deprimido, que pode envolver sentimentos como tristeza, indiferença e desânimo. Todos esses sentimentos são naturais do ser humano e nem sempre são sinônimo de depressão, mas, se somados a outros sintomas da doença e persistirem na maior parte do dia por ao menos duas semanas, podem configurar um quadro de depressão clínica. “O humor deprimido faz com que a pessoa passe a enxergar o mundo e a si mesma de forma negativa e infeliz. Mesmo se acontece algo de bom em sua vida, ela vai dar mais atenção ao aspecto ruim do evento. Com isso, o paciente tende a se sentir incapaz e sua autoestima diminui”, diz o psiquiatra Rodrigo Leite, do Instituto de Psiquiatria da USP.


2 - Desinteresse por coisas prazerosas


Perder o interesse por atividades que antes eram prazerosas é outro sintoma importante da depressão. O desinteresse pode acontecer em diferentes aspectos da vida do indivíduo, como no âmbito familiar, profissional e sexual, além de atividades de lazer, por exemplo. “O paciente também pode abrir mão de projetos por achar que eles já não valem mais o esforço, deixar de conquistar novos objetivos ou de aproveitar oportunidades que podem surgir em sua vida”, diz o psiquiatra Rodrigo Leite.

3- Problemas relacionados ao sono


Pessoas com depressão podem passar a dormir durante mais ou menos tempo do que o de costume. É comum que apresentem problemas como acordar no meio da noite e ter dificuldade para voltar a dormir ou sonolência excessiva durante a noite ou o dia.

4- Mudanças no apetite


Pessoas com depressão podem apresentar uma perda ou aumento do apetite — passando a consumir muito açúcar ou carboidrato, por exemplo. Segundo o psiquiatra Rodrigo Leite, não está claro o motivo pelo qual isso acontece, mas sabe-se que, somado a outros sintomas da doença, a alteração do apetite que persiste por no mínimo duas semanas aumenta as chances de um paciente ser diagnosticado com depressão.

5- Perda ou ganho de peso


Mudanças significativas de peso podem ser uma consequência da alteração ddo apetite provocada pela depressão — por isso, são consideradas como um dos sintomas da doença.

6- Falta de concentração


Em muitos casos, a depressão também pode prejudicar a capacidade de concentração, raciocínio e tomada de decisões. Com isso, o indivíduo perde o rendimento no trabalho ou nos estudos. Segundo a psiquiatra Mara Maranhão, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a depressão pode impedir que o paciente trabalhe ou estude, ou então faz com que ele precise se esforçar muito para conseguir concluir determinada atividade.

7- Cansaço


Diminuição de energia, cansaço frequente e fadiga são comuns em pessoas com depressão, mesmo quando elas não realizaram esforço físico. "O indivíduo pode queixar-se, por exemplo, de que se lavar e se vestir pela manhã é algo exaustivo e pode levar o dobro do tempo habitual", segundo o capítulo sobre depressão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), feito pela Associação Americana de Psiquiatria.

8 - Pensamentos recorrentes sobre morte


Em casos mais graves, pessoas com depressão podem apresentar pensamentos recorrentes sobre morte, ideação suicida ou até tentativas de suicídio. A frequência e intensidade dessas ideias podem mudar de acordo com cada paciente. "As motivações para o suicídio podem incluir desejo de desistir diante de um obstáculo tido como insuperável ou intenso desejo de acabar com um estado emocional muito doloroso", de acordo com o DSM-5.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Deficientes visuais contam com perseverança e solidariedade


Postado por Maria Célia Becattini

25 de agosto de 2014 Fernando Tôrres




A missão era observar situações que envolvessem deficientes visuais em vários pontos de Belo Horizonte. Na segunda reportagem da série “A vida na escuridão”, é uma alegria revelar a rotina do grupo aplicado em estudos na Biblioteca Estadual Luiz de Bessa. O Setor Braile, um dos mais importantes do Brasil, foi inaugurado em 1965 e conta com cerca de 1,6 mil títulos e mais de 1 mil audiolivros. São 450 leitores cadastrados e outros 400 voluntários na lida para quem precisa.

A professora, na tarde de dedicação e carinho, ensina português para concurso. O grupo aprende com humor e compromisso. A coordenadora do setor, Cleide Fernandes, quer saber quem ali teria interesse em participar de curso de fotografia. Quase todos levantam as mãos. Fotografia para cegos? Sim. Por que não? Evgen Bavcar, fotógrafo, filósofo e cineasta esloveno nascido em 1948, ficou cego aos 12 anos. Conheceu a fotografia aos 17 e escreveu: “O mundo não é separado entre os cegos e os não cegos. A fotografia não é exclusividade de quem pode enxergar. Nós também construímos imagens interiores”.

Já fora das paredes da biblioteca, o moço de meia idade, de óculos escuros, toca bengala calçada afora. Os passos não são lentos. Ele segue com a segurança de quem parece conhecer o caminho. Parado no sinal, aguarda ajuda para atravessar a Avenida Bias Fortes. Não é preciso muito tempo para que a bela mulher em roupa de ginástica ofereça-lhe o braço. Ele sorri e vence a faixa de pedestre. Agradece.

Ganha a Rua da Bahia sozinho e alcança o ponto de ônibus. Pede ajuda ao homem barbado, que precisa repassar o pedido de auxílio, já que seu ônibus está logo à frente. A senhora de vestido florido não é de muito assunto. O deficiente também não. Cinco minutos e a linha rumo ao Bairro Santo Antônio toma o asfalto. Os dois se vão.

Muito abaixo, no hipercentro, a senhora de bengala se destaca na multidão. Ela anda com ritmo muito particular entre os passantes da Rua dos Tupinambás. Desvia de um obstáculo aqui, outro ali e faz muita gente abrir espaço e caminho. Já conhecida do vigilante, entra na agência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O segurança lhe oferece o braço, gesto repetido na saída.

“Estamos fazendo uma reportagem… Será que a senhora poderia nos dar um depoimento?” “Sim”, ela responde. “Pode ser”, completa, meio desconfiada. Luzia Rosa da Silva, de 59, mora em Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH. É deficiente visual desde pequena, com pouco mais de 1 ano. Sequela de sarampo.

Há 22 anos é funcionária da Secretária da Saúde do Estado de Minas Gerais. Para Luzia, só há escuridão para quem conhece a luz. Ela não se lembra. “É uma impressão que as pessoas têm de que tudo é escuro para nós. Mas o que é a escuridão? Eu não sei. Nós não vemos a luz e também não vemos a escuridão”, explica ela, mãe de cinco filhos.

A caminho do curso de informática na Praça Milton Campos, Luzia diz que, se tivesse poder por um dia, “distribuiria cartilhas para a população aprender a lidar com os cegos”. Ela conta situações de embaraço, como ser largada no canteiro central de movimentada avenida. “Tem gente que ainda faz pior. A gente pede ajuda, eles dão um tapinha no nosso ombro e dizem: ‘Vai!’”.

SATISFAÇÃO SILENCIOSA

Pedimos licença e a acompanhamos a distância até o ponto do ônibus, distante três quadras. Pelas ruas tomadas de gente, muita indiferença. Mas solidariedade também. O moreno gentil na Avenida Amazonas nem espera pelo pedido de ajuda: apresenta-se prontamente para auxiliar dona Luzia a chegar ao outro lado. O sorriso largo do voluntário é sinal de satisfação com a boa ação do dia.

O pipoqueiro se antecipa para evitar que nossa personagem trombe no carrinho, bem em frente ao Cine Brasil. Luzia para na calçada, orientada pelo barulho dos carros, perto da faixa de pedestre. Pede ajuda. O rapaz de mochila pesada nas costas lhe dá o braço.

Enquanto aguarda no ponto, na Avenida Afonso Pena, ela ensina sobre a bengala de alumínio e comenta desafios. “A bengala ajuda só da cintura para baixo. Para os obstáculos na parte de cima, não resolve nada. Outro problema que a gente enfrenta é que tem buraco demais nas calçadas e os passeios são muito irregulares.” O 4108 chega. Dona Luzia embarca. Parte para nova etapa de uma jornada diária feita de superar obstáculos.

A realidade vista por dentro

Era sábado. Até a hora ele guarda: 13h45. Aos 18 anos, em uma pelada – um “junta-junta”, como chama –, Nivaldo de Souza, de 50, viu companheiros, familiares e o campinho de futebol pela última vez. Uma bola perdida, tomada de velocidade, tamanho e força suficientes, cegou os dois olhos do atleta amador, craque para a família e amigos queridos. A imagem que ficou mais forte na memória é o rosto da mãe, Marlene, na época, com 28 anos. “É a imagem mais viva e mais bonita que guardo comigo”, diz, sorrindo.

Tecnicamente, o diagnóstico da fatalidade: descolamento da retina, com glaucoma e atrofiamento do globo ocular. Os quatro meses que se seguiram ao acidente foram de revolta e dor. “Difícil aceitar… você, cheio de saúde, aos 18 anos, de repente, deixar de ver para sempre”, recorda Nivaldo. Foram tempos de muita reflexão para “renascer” inteiro, sem sombras no coração, com “a vida vista por dentro”.

O rapaz se reergueu com o apoio da família e dos amigos mais próximos. Fez curso técnico de radiologia e encarou carreira no Hospital Odilon Behrens até se aposentar por invalidez, mais de duas décadas depois. Jovem ainda, forte e cheio de disposição, pai da Simone, de 22, não deu conta de ficar em casa, no Bairro Alto Vera Cruz, na Região Leste de Belo Horizonte. Solteirão, tornou-se vendedor ambulante, para a alegria de novos amigos no hipercentro da capital.

Popular, Nivaldo é reconhecido por onde passa, nos quarteirões entre as avenidas Afonso Pena e Olegário Maciel. Firmou ponto na Rua Carijós e ganhou a simpatia de outros dois companheiros deficientes: João Gonçalves de Souza, de 64, e José Robson da Silva, de 43. Ambos ambulantes, com histórias de vida não menos tocantes. João, nascido em Goiás e vindo nos anos 1970 para Belo Horizonte, também é vizinho de bairro, no Alto Vera Cruz.

O goiano é outro que “foi bom das vistas um dia”. Adolescente, aos 14, João caiu de costas numa traquinagem, bateu a cabeça e teve o cérebro afetado. Com a queda, perdeu completamente a visão – como Nivaldo. As imagens da infância, “de muita pobreza e dificuldade”, em Pires do Rio, ele nunca quis relembrar. “Eu me revoltei demais. Só me lembro disso. Aí, tive que começar do zero a minha vida”, conta.

“Minha tristeza maior com a cegueira tão jovem foi de ter perdido o pouco que podia ter, em termos financeiros e morais”, lamenta, lembrando emocionado a “decepção em família”. Nos anos 1990, o vendedor ambulante voltou à terra natal para cuidar dos pais adoecidos. “No ano passado, com a morte dos velhos, sem nada que me prendesse a Goiás, voltei para Minas”, conta. Sensorial aguçado, João gosta da energia da capital mineira. “Gosto daqui. Tenho amigos e me sinto respeitado”, diz.

Do trio amigo, José Robson é o caçula. Barbudo, gentil, contente com a conversa, reclama inclusão e acessibilidade. Letrado, morador de Betim, cita Jorge Amado e Castro Alves. “Se tivesse poder por um dia, tomaria providências para que os cegos fossem mais respeitados. Nunca enxerguei, mas tem um mundo de que gosto muito dentro de mim”, define, sorrindo.

Fonte: site do Jornal Estado de Minas por Jefferson da Fonseca Coutinho.

sábado, 23 de agosto de 2014

Cientistas testam tratamento para alguns sintomas de autismo

Postado por Maria Célia Becattini

Marcelo Camargo / ABr


Aluno da Associação dos Amigos da Criança Autista (AUMA), na zona norte de São Paulo, realiza atividade pedagógica

O autismo resulta de um excesso de sinapses, as conexões nervosas do cérebro, concluiu uma pesquisa que poderá levar ao desenvolvimento de um tratamento para alguns sintomas dessa complexa síndrome.

Essa superabundância de conexões entre neurônios resulta de um mau funcionamento do mecanismo normal de eliminação das sinapses inúteis.

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Os pesquisadores da Universidade de Colúmbia em Nova York conseguiram restabelecer o mecanismo cerebral do "corte de sinapses" em ratos modificados geneticamente para simular o autismo.

Para conseguir isso, bloquearam - com a ajuda do medicamento rapamicina - a ação da proteína mTOR, que regula a proliferação celular em mamíferos. Desse modo, eliminaram os sintomas típicos do autismo em roedores, como o de evitar contato com os demais. O estudo aparece esta semana na última edição da revista "Neuron".

"Tratamos esses ratos depois do aparecimento dos sintomas (...), a partir desse estudo seria possível, mas não seguro, obter os mesmos resultados em pacientes após serem diagnosticados com a síndrome", disse nesta sexta-feira à AFP o professor David Sulzer, neurobiólogo da Universidade de Colúmbia e principal autor desse trabalho.

Ele acrescentou que o fato de essa disfunção parecer se desenvolver depois do nascimento "é potencialmente uma boa notícia".

Uma em cada 68 crianças nos Estados Unidos tem alguma forma de autismo, segundo as últimas estimativas do governo federal.

Em seu desenvolvimento, o cérebro de um recém-nascido produz uma enorme quantidade de sinapses, por meio das quais os neurônios transmitem e recebem sinais. Durante a infância e a adolescência, o cérebro normal começa a cortar algumas dessas conexões para que as diferentes partes possam se desenvolver sem estarem mergulhadas em um excesso de sinais, o que gera confusão - explicam os neurologistas.

Os autores desse trabalho descobriram essa superabundância de sinapses em autistas pela análise de tecido do córtex cerebral, responsável pelas funções neurológicas superiores, de cérebros de 48 jovens com idades compreendidas entre os 2 e os 20 anos no momento de sua morte. Desses, 26 tinham autismo, e 22 não apresentavam a síndrome.

Constataram, então, que um jovem de 19 anos sem autismo tinha 41% a menos de sinapses do que uma criança pequena. Um rapaz da mesma idade com autismo tinha apenas 16% a menos.

Os neurologistas também observaram que uma superabundância de sinapses aumenta o risco de sofrer epilepsia, já que há mais sinais elétricos no cérebro.

A equipe do professor Sulzer descobriu ainda biomarcadores e proteínas dentro do cérebro de crianças e adolescentes autistas. Isso indica uma disfunção no mecanismo de eliminação das células danificadas e envelhecidas, chamada de autofagia. Sem esse mecanismo, não acontece o corte natural das sinapses.

O professor Sulzer considera a possibilidade de adaptar melhor a rapamicina (utilizada em ratos para restabelecer o corte de sinapses) para tratar certos tipos de autismo, com o objetivo de minimizar os efeitos colaterais. A rapamicina também é um imunossupressor usado contra a rejeição de órgãos transplantados.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Cada vez mais, o mundo é construído por equipes. Prepare o seu filho desde cedo para ser um ótimo colaborador

Postado por Maria Célia Becattini

Trabalho em grupo, trabalho do futuro

Cada vez mais, o mundo é construído por equipes. Prepare o seu filho desde cedo para ser um ótimo colaborador

31/03/2014 10:26
Texto Cynthia Costa



Foto: Aline Casassa
"O trabalho em equipe, na verdade, não é fácil para ninguém. Abrir mão do que pensamos ou queremos para dar lugar ao outro é um desafio para o ser humano", afirma a psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia Maturano.

"Eu odiava fazer trabalho em grupo". Você já ouviu essa declaração de algum adulto? Pois mal sabe ele que os projetos em equipe não ficaram lá atrás, nos tempos de escola. Pelo contrário. Cada vez mais, trabalhamos uns com os outros por um objetivo comum. E quem "odiar" essa convivência terá duas opções: isolar-se em alguma das poucas atividades solitárias que ainda existem - que tal vigilante de farol, lá no alto mar? - ou rever a sua postura.

"Hoje, as empresas trabalham com grandes projetos. Às vezes, até pagam bônus para equipes de destaque. Por isso, as crianças têm de aprender a colaborarcom colegas desde cedo", ressalta Paula Furtado, psicopedagoga e autora de vários livros. E não é só questão de se tornar um profissional competente. Quanto mais participativos e generosos formos, melhor para toda a sociedade.
E

.1.1 Especial Habilidades não-cognitivas
Entenda o que são habilidades não-cognitivas e como estimular competências como sociabilidade, trabalho em equipe e a dedicação do seu filho.
É claro, porém, que isso parece mais fácil do que é. "O trabalho em equipe, na verdade, não é fácil para ninguém. Abrir mão do que pensamos ou queremos para dar lugar ao outro é um desafio para o ser humano", afirma a psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia Maturano, de São Paulo. Por isso mesmo, essa habilidade tem de ser trabalhada, e muito!

A seguir, com a ajuda dessas especialistas, trazemos dicas de como incentivar essa competência tão importante - a disposição para o trabalho em equipe - em seu filho. Veja que é observando o seu exemplo, sobretudo, que ele aprenderá a colaborar.


Para ler, clique nos itens abaixo:1. Como é um bom colaborador?O trabalho em equipe é uma habilidade não-cognitiva, ou uma competência socioemocional, das pessoas que conseguem, sem desconforto, participar bem de atividades em grupo. Espera-se que um bom colaborador: 1) respeite e valorize os colegas do grupo; 2) tenha empatia e compaixão pelas outras pessoas e, por isso, esteja aberto a opiniões e desejos diferentes dos seus; 3) tenha a generosidade de, por vezes, abrir mão do que quer em prol da maioria; 4) seja simpático, cordial e afetuoso - com os colegas e com as pessoas em geral


.2. Tudo começa em casa
Ao trabalhar em grupo, é importante expor o seu ponto de vista sem exaltação, e também ouvir os colegas - igualmente sem exaltação e com respeito. E que outro lugar seria melhor para aprender a fazer isso do que em casa, com a família? "A família deve funcionar como grupo, combinando regras e cumprindo-as, sem muito blábláblá", aconselha a psicopedagoga Paula Furtado. Isso significa se reunir, conversar direta e claramente - sem levar tudo para o pessoal, nem passar horas em cada tópico - e chegar a combinados, por exemplo: quem sair da sala por último tira os aparelhos eletrônicos das tomadas; quem não tiver lição de casa fará companhia para a vovó; uma vez por semana, prepararemos o jantar todos juntos. Assim, a colaboração se torna algo natural para a criança.

3. Valorize a escola
Quer colaboração maior do que uma classe inteirinha tentando aprender uma lição? Participando de brincadeiras, preparando celebrações? O próprio sistema escolar é um grande exemplo de trabalho em grupo e, quanto mais o seu filho se sentir "pertencente" àquele mundo, melhor. Por isso, valorize a convivência escolar, emitindo opiniões positivas sobre colegas, professores e atividades e permitindo que seu filho participe das mais diversas experiências, como aulas extracurriculares e projetos de ajuda à comunidade organizados pela instituição, por exemplo.

4. Ensinando a confiança
Ao participar de um projeto em grupo - seja uma empreitada milionária ou um passeio de caiaque - é preciso confiar nos parceiros, sob o risco de a experiência virar um verdadeiro inferno. Como transformar o seu filho em uma pessoa com a qual os outros possam contar? Simples: deixando claro que ele pode contar com você. "É em casa que a criança se sente amada e segura", lembra a especialista Paula Furtado. Crescendo com a noção de que pode nfiar nas pessoas próximas, a criança torna-se confiável por consequência.

5. Peço ajuda, dou ajuda
Da próxima vez em que houver brinquedos espalhados pela sala, que tal pedir para o seu filho ajudar você a recolhê-los, em vez de gritar para ele ir lá arrumar a bagunça? Quem sabe ele não faça, depois, o contrário: peça a sua ajuda na arrumação do quarto, por exemplo. Quem é capaz de pedir ajuda - e, portanto, não se julga um sabichão independente - também é mais capaz de ajudar, porque sabe que, como ele, outros podem precisar de uma mãozinha. Esse traço é essencial para um trabalho em grupo tranquilo e bem-sucedido.

6. Juntos venceremos!
Algumas atividades são ideais para estimular a colaboração. Ana Cássia Maturano sugere uma brincadeira com Legos, ou outros bloquinhos de montar, que pode ser realizada tanto em casa quanto na escola: 1) primeiro, o grupo (que pode ser formado por pais e filhos, amigos, colegas de classe etc.) decide junto o que irá construir; 2) cada um, então, fica responsável por um estágio da construção: separar as peças, montar e arrumar as peças que sobrarem; 3) todos respeitam as suas "obrigações" sem se meter na parte do outro; 4) na próxima montagem, faz-se um rodízio: quem separava as peças passa a montar, quem montou agora fica responsável pela arrumação e assim por diante. Essa brincadeira simples é muito rica, pois ensina o respeito ao trabalho do outro, a paciência (de esperar a sua vez) e a visão global de um projeto, participando de cada uma de suas fases.

7. Autoavaliação  Quando participamos de uma atividade em grupo, seja por diversão, estudo ou trabalho, tendemos a avaliar como os outros se saíram e o papel que cada um desempenhou. Mas é muito importante, também, propor-se uma autoavaliação: consegui fazer a minha parte? Ouvi as opiniões dos outros e fui aberto a elas? Na escola, uma boa solução para que as crianças desde cedo adquiram esse hábito são os relatórios de trabalho em grupo entregues para o professor - neles, os alunos contam como se saíram durante o processo. "Por meio desses relatórios, percebemos se o trabalho foi, mesmo, feito em grupo, com um real compartilhamento de tarefas", acredita Paula Furtado.

Em casa, não é preciso fazer relatório, claro. Os pais podem incentivar os filhos (e eles mesmos) a fazer comentários descompromissados no dia a dia, como: eu poderia ter ajudado você a tirar as compras do carro ontem; hoje, quero ser mais participativo na visita à casa dos tios etc.

8. O que seria do mundo sem a solidariedade?
Não deixe para lembrar que existem pessoas precisando de ajuda apenas no Natal. Ouvir os outros com o coração, vez ou outra abrir mão de uma comodidade sua para acolher alguém e se sentir responsável pelo que acontece à sua volta são exemplos de comportamentos preciosos para o seu filho. A pessoa solidária não se importará, por exemplo, se de vez em quando outro for aplaudido em seu lugar por um bom trabalho. E ficará feliz quando o resultado for bom para todos, não só para ele.

9. E se a criança não gostar de trabalho em grupo?
A psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia alerta: "Se a criança não consegue se encaixar em nenhum grupo, pode ser sinal de que existe, de fato, uma dificuldade". É hora de conversar com a escola e, dependendo do encaminhamento da questão, com um especialista. Lembrando, porém, que é normal e saudável que a criança às vezes queira brincar, ler ou fazer outras coisas sozinha. Todos nós precisamos de momentos solitários, mesmo quando lidamos bem com situações de grupo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Chupeta atrapalha todo o desenvolvimento das arcadas dentárias

Postado por Maria Célia Becattini





Dr Alexandre Ricci Netto

Atenção pais!!! Chupar dedo e chupeta atrapalham todo o desenvolvimento das arcadas dentárias. A chupeta deve ser abandonada até 1 ano e meio. E o dedo o quanto antes. Senão ocorre o que chamamos de mordida aberta! Essa condição faz com que a criança respire pela boca e comprometa toda a musculatura envolvida na mastigação, deglutição e fala. E é muito importante o período de amamentação para o correto desenvolvimento muscular com a sucção do leite da mama materna! dralexandrericci@gmail.com

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Jornalista com paralisia cerebral lança história em quadrinhos sobre deficientes

Postdo por Maria Célia Becattini

20 de agosto de 2014 Fernando Tôrres


Fábio Fernandes tem 40 anos e paralisia cerebral. Ele não anda e não fala, mas se comunica através de mensagens digitais que escreve com os pés. Nada disso, porém, foi suficiente para impedi-lo de se formar em jornalismo e publicar a história em quadrinhos “Bim, um menino diferente”, lançado este ano pela editora Multifoco.
Trabalhando desde 1998 com o tema da inclusão social, Fábio é autor da primeira peça de teatro brasileira sobre o assunto, “O menino que falava com os pés”. Através deste e outros projetos, o jornalista concluiu que ainda é muito precária a produção cultural voltada para pessoas com deficiência. Em razão disso, nasceu o “Bim”.

“De um modo geral, as pessoas que tem algum tipo de deficiência, sobretudo as que apresentam paralisia cerebral, são estigmatizadas socialmente. O Bim é o oposto dessa visão que a sociedade tem. O Bim é um garoto levado, peralta, que passa, sim, por situações de preconceito, mas que não perde a alegria e a vontade de viver”, diz Fábio à IMPRENSA.

A importância do público-alvo – crianças e jovens deficientes e não-deficientes do Brasil – foi o que motivou a escolha da mídia em quadrinhos para esse projeto. “Foi através do olhar desse garoto que eu pretendi construir uma narrativa nova, diferenciada, sobre um segmento da sociedade brasileira. Essas pessoas existem e não podemos ignorar a presença delas. [...] Eu quis mostrar com o Bim que é legal ter um coleguinha cadeirante”, afirma.

Fábio diz ainda que pretende levar as histórias do personagem para outras plataformas, especialmente a internet, mas que ainda aguarda parcerias para dar continuidade ao projeto.

Deficientes na mídia

“Eu venho questionando, desde que me formei, sobre essa falta de conteúdo midiático que retrate a temática das pessoas com deficiência na sociedade brasileira. O mercado dos meios de comunicação desconhece esse segmento da sociedade, que representa 14% da população. Isso é uma falha imensa da mídia brasileira”, opina o jornalista.
Apesar dessa carência de conteúdo, Fábio diz que o mercado de trabalho, em contrapartida, lhe foi bastante receptivo. O jornalista cobriu os jogos Para-Panamericanos do Rio de Janeiro (RJ) em 2007, pelo site da Prefeitura carioca, onde trabalha há oito anos. Ele diz que nunca sofreu qualquer tipo de preconceito por conta da paralisia cerebral.

“Como todo ‘foca’, passei as minhas dificuldades. Mas graças à Deus sempre fiz o meu trabalho da melhor forma possível. E devo ser bom repórter, porque sempre levo pautas exclusivas para o veículo”, conta Fábio, sem perder o bom humor.

Fábio conclui dizendo ainda não ser “o jornalista que gostaria de ser”, mas que a paixão pela profissão o faz ter certeza de que é isso o que quer para sua vida. Ainda assim, faz questão de defender sua causa.

“Acho vital que as pessoas com deficiência, e também as que têm paralisia cerebral, ocupem os espaços dessa sociedade da qual somos parte. E a imprensa é, sim, um espaço a ser conquistado por nós.”

Fonte: site Portal Imprensa por Lucas Carvalho.

TERAPIA OCUPACIONAL NO AUTISMO


Postado por Maria Célia Becattini


A matéria-prima da Terapia Ocupacional é o dia-a-dia de pessoas que perderam a capacidade de cuidar delas mesmas, de trabalhar ou de ter lazer. O Terapeuta Ocupacional, um profissional da área de Saúde, intervém no cotidiano dessas pessoas e trabalha para que elas recuperem a autonomia e a (re)inserção social.

A Terapia Ocupacional centra-se no estudo da ocupação humana, com enfoque nas áreas de autocuidado, trabalho e lazer. O profissional dessa área compreende o processo de função e de disfunção ocupacionais para promover a saúde e a inclusão de indivíduos.

O Terapeuta Ocupacional tem por objetivo reabilitar aspectos motores, perceptivos e cognitivos por meio de atividades pré-selecionadas e analisadas para promover o restabelecimento das funções lesadas ou deficitárias nas seguintes áreas:

Motora - coordenação, força, amplitude articular, funcionalidade e destreza.

Perceptiva - integração dos diversos aspectos sensoriais (tátil, gustativo, olfativo, visual e auditivo). As alterações peculiares a cada via sensitiva envolve fatores específicos que devem ser explorados e estimulados.

Cognitiva - integração e maturação das funções percepto-motoras, enfocando a organização e interpretação adequada de todas as sensações que levam o indivíduo à independência e adaptação com o seu ambiente.

Como a T.O. se aplica ao autismo?
A terapia ocupacional pode beneficiar a pessoa autista, atendendo e desenvolvendo a qualidade de vida da pessoa como indivíduo. O objetivo é introduzir, desenvolver e manter habilidades que permitam o indivíduo participar o mais independente possível nas atividades diárias tão significativas. Desenvolver o aprendizado com as habilidades motora fina, habilidades de interação, habilidades de auto-cuidado e a socialização são os pontos alvos que devem ser atingidos.

Com os métodos da terapia ocupacional, a pessoa com autismo pode ser ajudada tanto em casa quanto na escola, ensinando-o atividades como se vestir, se alimentar, ir ao banheiro adequadamente, arrumar-se ou enfeitar-se adequadamente. E ainda desenvolver a coordenação motora fina e a coordenação visual necessária pra se aprender a ler e fazer atividades manuais, a coordenação motora grossa para habilitar o indivíduo a andar de bicicleta ou até mesmo andar adequadamente, e as habilidades de percepção visual necessária para a escrita.

A terapia ocupacional faz parte de um esforço colaborativo de médicos e educadores, assim como dos pais e outros membros familiares. Com esse tipo de tratamento a pessoa com autismo pode se mover adequadamente na vida social com toda desenvoltura necessária nas atividades de vida diária.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

domingo, 17 de agosto de 2014

Professora com Síndrome de Down quebra barreiras para dar aulas e palestras sobre inclusão


Postado por Maria Célia Becattini

Potiguar que enfrentou a discriminação participará do seminário Educação 360, no Rio, em setembro

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Além de aulas, Débora se dedica à literatura infantil, escrevendo contos em que os personagens enfrentam constrangimento - Reprodução

RIO - Para a educadora potiguar Débora Seabra, de 33 anos, inclusão é a palavra de ordem. Com dez anos de carreira, ela foi a primeira pessoa com Síndrome de Down a lecionar no país, e hoje é professora auxiliar da educação infantil na Escola Doméstica, instituição privada de ensino em Natal, no Rio Grande do Norte. Sua história é um dos estudos de caso que serão apresentados no Educação 360, seminário promovido em setembro pelos jornais O GLOBO e “Extra” em parceria com o Sesc e a Prefeitura do Rio.

- Para seguir o magistério, é preciso paciência. E eu me dou muito bem com os alunos. Quando um aluno chega, ele vem e me abraça - afirma.

Além do trabalho em sala de aula, Débora dá palestras sobre educação inclusiva e se dedica à literatura infantil. No ano passado, lançou o livro “Débora conta histórias” (Editora Objetiva), em que os personagens enfrentam preconceitos. Num dos contos, um pato é discriminado por não querer namorar outras patas, mas sim outros patos. Há também a história de uma galinha surda e um sapo que não sabe nadar.

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- São histórias que acontecem com animais, mas poderiam acontecer com qualquer pessoa - revela a escritora.

Sua atuação como palestrante já alcançou outros países: Argentina, Portugal e Estados Unidos. Este ano, no dia 21 de março, data em que se comemora o Dia Internacional da Síndrome de Down, ela chegou a ministrar uma palestra na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

- Nas palestras, falo sobre inclusão - conta. - A pessoa com Síndrome de Down tem que estudar no ensino regular, sou contra escolas especiais. Eu só cheguei até aqui porque estudei na rede regular.

ESCOLA ESPECIAL, FATOR LIMITADOR

Mãe de Débora, a advogada Margarida Seabra nem cogitou a possibilidade de matricular sua filha numa escola especial. Uma das fundadoras da Associação de Síndrome de Down do Rio Grande do Norte e criadora da Comissão de Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/RN, ela tece severas críticas à escola especial, que atende exclusivamente alunos com algum tipo de deficiência física ou mental.

- A escola especial é um crime. O aluno com Down precisa enfrentar desafios, conviver com a diversidade.

Para a psicopedagoga Dulciana Dantas, que atende Débora há dez anos, o ensino especial para este tipo de caso acaba interditando os direitos das pessoas de participar da vida em geral. Ela defende a combinação de ensino regular com atividades de assimilação pedagógica. Nas sessões com Débora, Dulciana realiza um trabalho didático-pedagógico, repassando com a professora o planejamento escolar que será realizado por sua turma.

- Nós também trabalhamos com discussão e produção de textos. Débora é uma das pessoas mais obstinadas e empreendedoras que já conheci ao longo de 15 anos de carreira.

Ao terminar o ensino médio, Débora ingressou no curso de magistério da Escola Estadual Professor Luiz Antônio, onde foi vítima de preconceito e sofreu.

- Nos trabalhos em sala, eu costumava ficar sem grupo. E cheguei a ser agredida, quando uma menina me obrigou a cheirar o seu tênis. Eu tive que lutar pela inclusão - relata.

Mas Débora não desistiu do seu objetivo e acabou conquistando a admiração de alunos e professores. Ela recebeu o título de “Rainha da Escola” e foi homenageada na cerimônia de formatura do curso, em 2004 .

Concluído o ensino técnico, o próximo passo foi fazer estágio numa creche na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E há dez anos ela trabalha como professora auxiliar na Escola Doméstica. A professora Gina Maria Borba, que divide a sala de aula com Débora, é toda elogios para sua colega de trabalho.

- A cada dia que passa, Débora se mostra mais interessada - diz. - Está sempre disposta a trabalhar, e me ajuda em diversas atividades como colagem e narração de histórias. E o fato de ter Síndrome de Down é encarado com naturalidade pelos alunos.

O seminário Educação 360 acontece nos dias 5 e 6 de setembro na escola Sesc do Rio de Janeiro. As inscrições podem ser feitas a partir do dia 19 de agosto somente através do site do evento, que fica no endereço www.edu cacao360.com.


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sábado, 16 de agosto de 2014

Papel do educador - ensinar o caminho de conquistas: oferecer autoconfiança - fazer com que o aluno acredite em si mesmo... e assim poderá ajudar muitos outros!

Postado por Maria Célia Becattini
16/08/14

Vejam como o apoio das pessoas ao nosso redor é o motor que nos faz deixar a negação de nós mesmos...



Uma tela em branco - uma página em branco - uma tela que espera um ponto para começar a ser alguma coisa... - tudo é... o primeiro movimento: o pincel sobre a tela deixa sua marca, a primeira letra na lâmina, a imaginação é acionada... toma forma. É difícil esse primeiro passo... retarda-nos através de uma ignorância, o que fazer, ou dizer, e em que muitas belezas são perdidas. Quantos de nós nos renunciamos ao nosso mundo interior?

 mesmos..

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

AUTISMO: Resultados dos tratamentos são lentos, mas tão bons quanto um abraço

Postado por Maria Célia Becattini

Autistas dependem de tratamento continuo para que a superação aconteça. É o caso das gêmeas, Isabela e Bárbara, autistas e muito, muito felizes
09/04/2014 09:00:23

Por: Vvale
Por Mariana Honesko


Isabela e Bárbara têm 11 anos, estão na mesma escola e interação com colegas e professoras é motivo de comemoração

O transtorno vai muito além do popular “mundinho só dele”. A dificuldade de interação social e comportamento repetitivo também compõem o perfil de quem é autista. A ciência ainda não sabe dizer exatamente os motivos que levam ao nascimento de pessoas com o transtorno. Sabe, contudo, que o tratamento diário e incansável, é capaz de trazer à tona resultados bastante otimistas.

Os especialistas lembram que é preciso esforço: a superação não ocorre de maneira rápida, como a que mostrou há pouco a novela “Amor à Vida”. Na ficção, a personagem Linda é autista e mesmo sem receber tratamento desde a infância, dribla obstáculos já na idade adulta sem grandes dificuldades. O final feliz é prematuro tanto quanto o processo: Linda namora, casa e se descobre uma artista em potencial. Aos autistas, garantem os estudiosos, tudo é, de fato, possível, mas, é preciso caminhar com os pés no chão.

Afinal, o que é o autismo?

Não se trata de doença, antes, de um transtorno global do desenvolvimento. “Ele é mais frequente em meninos e geralmente diagnosticado a partir dos três anos, mais ou menos. Os autistas têm sensibilidade auditiva, o toque dói e de modo geral, eles não sabem lidar com mudanças”, explica a psicóloga Josiane Flaresso, que atende cinco autistas em seu consultório.

O autismo pode ser solitário ou vir acompanhado de outras comorbidades, quando outras síndromes “abraçam” o transtorno. “Por exemplo, um autista com hiperativismo”, sugere Josiane. O diagnóstico médico depende de uma série de exames, mas é o neuropediatra o responsável pela confirmação. O transtorno é crônico mas passível de resultados quando trabalhado desde muito cedo e de maneira continua. Os pacientes da psicóloga, por exemplo, estão no ensino regular e nele encontram a possibilidade de quebrar as barreiras impostas pela própria síndrome. Além disso, a via é de mão dupla: aprende quem é autista e quem convive com ele.


Professora Keidy, do Rio d’Areia, aposta na interação social dos autistas

A professora Keidy Martins Chincoviaki Borges considera-se uma dessas aprendizes. Ela é especialista em educação especial e há três anos trabalha como professora de apoio na escola estadual Bernardina Schleder, no bairro Rio d’Areia, em União da Vitória. “Aprendo muito, todo dia”, sorri. Keidy acompanha um adolescente, de 15 anos, do nono ano. O garoto fica na escola apenas pela manhã e, além da Bernardina, a professora auxilia também estudantes com outras dificuldades, em outros estabelecimentos de ensino. Recentemente a professora atuou na sala de um estudante do Astolpho Macedo de Souza, com deficiência física neuromotora. “Que se formou no ano passado”, diz, com orgulho. “O que importa é isto, que o aluno se supere, se integre na escola. Ele vai aprendendo do seu jeito. Não tem uma receita própria”, ensina.

Com seu novo pupilo, Keidy descobriu como explorar melhor a potencialidade dos autistas. “Ele tem habilidade para o desenho, mas a parte acadêmica tem maior comprometimento. Ele não consegue falar toda a tabuada, mas no papel desenvolve toda ela”, conta. O apreço do adolescente por músicas e filmes também foi levado para a sala de aula. Questões de higiene e senso de direção, ainda, são discutidos na escola de maneira mais lúdica. “Hoje ele já faz trabalhos em grupos, adora tirar fotos, o que era uma dificuldade grande no começo, se higieniza sozinho e aceita um pouco de toque”, comemora a professora de apoio.


Psicóloga Josiane Flaresso defende rotina: para autistas, ela é símbolo de segurança

Diferente, “só que não”

A onda de inclusão marca as atividades da escola Vitória Fernandes, de União da Vitória. O estabelecimento é público, mas com perfil privado. Pequena e acolhedora, a instituição foi escolhida pelos pais de quatro alunos autistas. “Um deles, inclusive, vem de São Cristóvão para estudar aqui”, observa a pedagoga Michelly Fink. Os autistas matriculados na instituição têm tratamento igual, sem distinção. “Se fosse algo diferente não seria inclusão. Por isso as atividades são adaptadas às condições de cada um. O limite é respeitado”, sorri a pedagoga. Assim, todos, sem exceção, precisam respeitar regras, horários e comportamento. Mas, por lá, é o carinho com os alunos o que motiva a frequência sempre regular dos baixinhos e a certeza de que os filhos estão bem cuidados.

Para a técnica contábil Simone Aparecida Bianchini, mãe das gêmeas Isabela e Bárbara, de 11 anos, o trabalho da escola é responsável pelo grande estímulo que as garotas precisam receber. “A escola é ótima. Toda a equipe tem muito amor. As meninas têm que ter bastante incentivo e a escola é fundamental”, sorri. Além da rotina em período integral, as gêmeas têm ainda acompanhamento psicológico, fonoaudióloga e aulas de natação e equoterapia, intercaladas para não deixar a rotina muito cansativa. “Elas são tudo. A gente vive por elas”, sorri a mãe.

Atendimento na rede municipal

Ambas as secretarias da Educação dispõem de auxílio para os autistas e portadores de outras necessidades especiais. Nos estabelecimentos de ensino de Porto União, contudo, não há nenhum autista matriculado. Ainda assim, eles oferecem sala de recursos multifuncionais e acompanhante, dependendo do caso, fornecido pelo município. Em União da Vitória, além da sala de recursos, há a professora auxiliar e ajuda nos encaminhamentos para profissionais medidos. A sala multifuncional, a Secretaria de Educação, está presente em 18 escolas.

Rotina é sempre bem-vinda

Os autistas temem mudanças. “Para eles é tudo muito mais intenso. Se nós já sofremos com alguma alteração, imagine eles”, compara Josiane Flaresso. Por isso, manter uma rotina diária é fundamental. Para os autistas, ela representa segurança. “Quando eu sei que o aluno vai mudar de professora no ano que vem, por exemplo, eu preciso preparar ele já no final do ano”, conta a psicóloga. O método também foi adotado no bairro Rio d’Areia, pela professora Keidy. “Quando vai ter uma atividade fora da sala de aula eu preciso falar com antecedência, explicar o que vai acontecer para o meu aluno”, pontua.

Para adultos com autismo, os métodos de tratamento envolvem especialmente a adaptação de conteúdos. Para as crianças, contudo, versões mais lúdicas, como o Teacch, podem ajudar. O programa é clínico e ao mesmo tempo educacional que utiliza figuras, imagens, formas concretas, para indicar sequências e informação.

2 de abril, Dia do Autista

A data foi escolhida para celebrar a conscientização sobre a doença. A cor azul é uma referência ao aparecimento mais comum do transtorno em meninos. O dia 2 é uma criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007. Em 2010, a ONU declarou que cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo tenham a síndrome.

Uma exclusão e a crise de pânico...

Postado por Maria Célia Becattini




terça-feira, 12 de agosto de 2014

Síndrome de Savant é um mistério que fascina e intriga a ciência!


Postado por Maria Célia Becattini

O Globo lembra que o americano Kim Peek sabe de cor mais de 7500 livros aos 55 anos
2006-04-11



kim Peek

Os portadores de Síndrome de Savant são um mistério que fascina e intriga a ciência. Donos de uma memória extraordinária – são capazes de decorar livros inteiros depois de uma única leitura ou tocar uma música com perfeição após a primeira audição –, eles possuem ao mesmo tempo sérios défices de desenvolvimento, como uma grande dificuldade para falar e se relacionar socialmente. É assim que começa um texto da edição on-line do jornal O Globo, de quem Ciência Hoje recebeu autorização expressa para citar e reproduzir parcialmente.

Ainda segundo O Globo, a síndrome costuma aparecer em dez por cento dos autistas e também dois por cento das pessoas que sofrem algum tipo de dano no cérebro, provocado por acidente ou doenças. O mais famoso savant do mundo, o americano Kim Peek, que inspirou o director Barry Levinson a fazer o filme Rain Man, aprendeu a ler aos 2 anos e hoje, aos 55, sabe de cor mais de 7.500 livros.


«Rain Man»: a história de Kim Peek

«Eles desenvolvem habilidades excepcionais numa determinada área, mas mal conseguem comunicar-se e relacionar-se com as outras pessoas. Costumamos dizer que são como ilhas de excelência num mar de deficiências», conta a O Globo o psiquiatra Estêvão Valdaz, coordenador do Projecto Autismo do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Quem primeiro descreveu o savantismo foi o médico Langdon Down – que ficou famoso por ter identificado a síndrome de Down (vulgo mongolismo). Em 1887, Down apresentou à sociedade médica de Londres a história de dez pacientes que ele chamou, na época, de "idiots savants" ou sábios idiotas. De lá para cá, pouco se avançou no sentido de se descobrir as causas que levam essas pessoas a terem uma memória extraordinária. Muitos cientistas acreditam que a síndrome está relacionada a algum tipo de dano no hemisfério esquerdo do cérebro que forçaria o lado direito a compensar essa falha. Isto porque as habilidades desenvolvidas pelos portadores da síndrome, normalmente nas áreas de música, pintura, desenho e cálculo são todas relacionadas com esse hemisfério. Já as funções ligadas ao lado esquerdo, como a linguagem e a fala tendem a ser pouco desenvolvidas.
O uso de aparelhos que permitem «scanear» o cérebro, como a tomografia e a ressonância magnética, vem reforçando ainda mais essa teoria. O jornal O Globo refere ainda um estudo coordenado pelo americano Bruce Miller, da Universidade da Califórnia: mostrou que idosos que desenvolveram uma espectacular habilidade para a pintura depois de passarem a sofrer da doença de Alzheimer estavam com o lado esquerdo do cérebro danificado.
O psiquiatra Estêvão Valdaz conta ainda àquele jornal brasileiro que no hospital das clínicas onde trabalha, dos 1.500 pacientes autistas cerca de 150 são portadores da síndrome. A maioria tem uma incrível habilidade com os números, muitos fazem contas complicadíssimas em décimos de segundos – tão rápidos quanto uma máquina. Também são expert em calendários, conseguem calcular rapidamente, por exemplo, em que dia da semana vai cair uma determinada data, mesmo que seja um dia qualquer do próximo século.
«Apesar de possuíram uma memória espectacular, essas pessoas não sabem o que fazer com tudo aquilo o que aprendem. Não sabem como aplicar esse conhecimento na sua vida quotidiana. São, na verdade, grandes decorebas», avalia o psiquiatra nas suas declarações a O Globo.

A Síndrome de Savant, que é quatro vezes mais frequente entre os homens, pode ser congénita ou adquirida após algum tipo de dano cerebral. Não é uma doença de diagnóstico fácil. Principalmente, quando surge em consequência do autismo, que costuma se manifestar na infância. Estêvão Valdaz diz que a maioria dos pais costuma ficar tão maravilhada com as habilidades do filho que custa a crer que na verdade a criança tenha algum problema.

Neurocientistas sugerem que notas não refletem a inteligência dos alunos


Postado por Maria Célia Becattini

Postado por Gil Álvares
Publicado em 18 de janeiro de 2014


Especialistas do MIT apontam que mesmo as melhores escolas não influenciam em algumas habilidades cognitivas de seus alunos.


Fonte da imagem: Reprodução/Shuttestock

O Massachusetts Institute of Technology, mais conhecido como MIT, divulgou umanotícia nesta semana que pode deixar muitos alunos felizes. Os neurocientistas da instituição descobriram que as notas que um aluno tira na escola não refletem necessariamente a inteligência dele.

Mas atenção: isso não significa que não é mais preciso estudar. Logicamente, bons resultados indicam que o aluno compreendeu o conteúdo que foi ensinado nas aulas, que é o que os psicólogos chamam de “inteligência cristalizada”.

Por outro lado, mesmo que uma escola tenha alunos capazes de tirar notas excelentes nas avaliações, isso não significa que eles também terão altas pontuações com relação à chamada “inteligência fluida” – que é a habilidade de analisar problemas abstratos e desenvolver pensamentos lógicos.


Fonte da imagem: Reprodução/Shuttestock
Conhecimento x habilidade

Para chegar a essas conclusões, os neurocientistas do MIT se juntaram aos pesquisadores em educação das universidades de Harvard e Brown para promover um estudo com cerca de 1.400 alunos do sistema público de ensino em Boston, nos Estados Unidos.

De fato, algumas escolas demonstraram a capacidade de seus estudantes com ótimas pontuações nos exames do Massachusetts Comprehensive Assessment System (MCAS). No entanto, o conhecimento aprendido nessas escolas não alterou o desempenho dos alunos em testes que avaliaram aspectos da inteligência fluida, como capacidade de memória, velocidade no processamento de informações e habilidade de resolver problemas abstratos.

“Nossa questão era a seguinte: se temos escolas que realmente estão ajudando crianças de condições socioeconômicas mais baixas a terem boas notas e aumentando suas chances de entrar na universidade, será que essas mudanças são acompanhadas por ganhos nas demais habilidades cognitivas?”, explica John Gabrieli, professor de Ciências do Cérebro e Cognitivas.

Porém, os pesquisadores concluíram que o conhecimento absorvido na escola – que resulta em excelentes notas nas avaliações – não é suficiente para fazer com que o aluno melhore outras habilidades relacionadas à inteligência fluida. “Não é como se você conseguisse essas habilidades de graça da maneira como esperamos, que é estudando muito e sendo um bom aluno”, comenta o especialista.

Uma prova disso é que, calculando o rendimento dos alunos, os pesquisadores notaram que houve uma variação de 24% nas notas de inglês e de 34% nos resultados de matemática no MCAS. Já nos testes de habilidade das funções cognitivas fluidas, a variação foi de apenas 3%.


Fonte da imagem: Reprodução/Shuttestock
As implicações para a educação

John Gabrieli ressalta que o estudo não deve ser interpretado como uma crítica sobre as escolas que estão melhorando as notas de seus alunos nos exames. “É fundamental melhorar as habilidades cristalizadas, porque, se você souber fazer contas, se conseguir ler um parágrafo e puder responder questões de compreensão, todas essas coisas são positivas”, comenta ele.

Em resumo, o especialista espera que suas descobertas sirvam para que os responsáveis pelos sistemas educacionais considerem a possibilidade de incluir práticas que desenvolvam as habilidades cognitivas nas escolas. Embora muitos estudos mostrem que é possível prever o rendimento acadêmico do aluno a partir das habilidades da inteligência fluida, esse tipo de coisa raramente é ensinado.

Os pesquisadores planejam continuar analisando os estudantes de Boston para avaliar a evolução do seu desempenho acadêmico e de outros aspectos da vida dentro de alguns anos.

Fonte: MIT

domingo, 10 de agosto de 2014

Projeto descreve filmes para deficientes visuais


Postado por Maia Célia Becattini

Redação em 31 de julho de 2014 às 17:16

Por Aline Oliveira

As melhores ideias muitas vezes surgem de onde menos se espera. Esse foi o caso do Legenda Sonora, um site com audiodescrição de animações, séries e vídeos da internet para pessoas que são cegas ou com baixa visão.

O projeto nasceu no início de 2012, a partir de uma sessão de cinema em que Diego Oliveira, de 25 anos, narrou e descreveu o filme “Star Wars: Episódio I – A ameaça Fantasma” para uma amiga com deficiência visual. Ao final do filme, ele recebeu um elogio afirmando que aquela tinha sido a melhor audiodescrição que ela tinha ouvido na vida. A primeira reação de Diego foi:“ótimo, mas o que é isso?”



A audiodescrição nada mais é do que a narração de cenas que compreendemos visualmente, que vão desde destaques para expressões faciais e corporais que comuniquem algo a detalhes sobre figurinos, efeitos especiais e mudanças climáticas ou de espaço que ocorram no vídeo. Essa técnica permite que essas pessoas tenham uma experiência integral do vídeo que assistem, assim como quem enxerga.

Confira aqui uma audiodescrição.

Depois daquela sessão de cinema, Diego percebeu que há pouco conteúdo acessível aos deficientes visuais: “A minha amiga foi o pontapé inicial, mas a motivação foi perceber que nós podemos assistir tudo a qualquer momento e em qualquer lugar, enquanto eles não, o que causa uma exclusão social”.

Determinado a mudar esse cenário, reuniu a paixão por cinema ao interesse na causa, se aprimorou na técnica de audiodescrição e criou o Legenda Sonora. Atualmente, o site está com foco em conteúdos divulgados na internet, como vlogs e web séries, promovendo a acessibilidade também neste meio de comunicação.

Pai - nossa homenagem!

Postado por Maria Célia Becattini



Pode ser que daqui algum tempo...
Haja tempo pra gente ser mais...
Muito mais que dois grandes amigos...
Pai e filho talvez...



sábado, 9 de agosto de 2014

Equoterapia ajuda crianças com paralisia, autismo e síndromes


Postado por Maria Célia Becattini

"Nenhum aparelho na melhor clínica do mundo produz uma resposta tão rica e rápida como o cavalo", diz fisioterapeuta.

Publicada em 29 de julho de 2014 - 14:30


Com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, Arthur Silva Nascimento, de seis anos, não andava antes de praticar a equoterapia, método terapêutico que utiliza o cavalo para reabilitar pessoas comdeficiência física, paralisia cerebral, autismo, síndromes variadas, além de vítimas de AVC (Acidente Vascular Cerebral).

"Ele vivia curvado com o queixo no peito e só se arrastava no chão. Graças à equoterapia, meu filho hoje anda e brinca com os colegas da escola", conta a atendente Maria Aparecida Nascimento, 39 anos, mãe de Arthur, que conseguiu andar com ajuda de um andador após um ano e meio de terapia. Quando completou quatro anos e meio, ele já andava sem o apoio.

Segundo Alessandra Vidal Prieto, fisioterapeuta da Associação Nacional de Equoterapia, em Brasília, "nenhum aparelho na melhor clínica do mundo produz uma resposta tão rica e rápida como o cavalo".

A fisioterapeuta explica que o animal, do ponto de vista motor, oferece o movimento tridimensional, ou seja, a cada passo, a pessoa movimenta-se para direita e para esquerda, para cima e para baixo, para frente e para trás, ao mesmo tempo.

"As crianças que nunca tiveram oportunidade de andar vão se perceber pela primeira vez em um movimento tridimensional, que é 95% semelhante ao andar do homem. E assim elas têm a sensação de estarem realmente andando. A gente brinca que são trocadas duas pernas paralisadas por quatro patas móveis", diz a equoterapeuta Andrea Ribeiro, coordenadora da Walking Equoterapia, em São Paulo.

A atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo para o desenvolvimento da força, tônus muscular, flexibilidade, relaxamento, conscientização do próprio corpo, aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio, além do desenvolvimento na linguagem.

"A cada aula de 30 minutos, o praticante recebe cerca de 2.000 novos estímulos cerebrais, que são enviados pela medula espinhal até o sistema nervoso central. Nesse processo ocorrem as sinapses e a formação de novas células nervosas. Após quatro meses, acontece uma mudança em toda a arquitetura cerebral de tantas células nervosas que surgiram", explica Andrea.

Todos esses ganhos são ainda mais potencializados com o acompanhamento da equipe multidisciplinar formada por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos e psicopedagogos, instrutores de equitação, além de um médico responsável pelo centro de equoterapia.

Durante a aula, estes profissionais estimulam de forma lúdica os exercícios. Foi dessa maneira que Amanda Oliveira Ribeir, de cinco anos, aprendeu a falar aos dois anos e meio de idade, após seis meses de tratamento.

"A melhora foi fenomenal. Antes, ela não falava e tinha o lado esquerdo do corpo paralisado. Hoje, a gente brinca que ela fala mais do que a boca. Ela se locomove com a ajuda de um andador, após dois anos de tratamento. E tenho esperança de que ela um dia vá andar", afirma Vanilda de Oliveira, de 46 anos, mãe de Amanda.

Após a aula, a criança alimenta o cavalo e o leva de volta à baia. Ou seja, aquele que é cuidado passa a cuidar.

A facilidade de criar vínculo afetivo com um animal ao mesmo tempo tão dócil e poderoso é outra vantagem do tratamento.

Existe uma frase que é muita conhecida por pessoas que trabalham com equitação e é atribuída ao comportamento dos cavalos: "eu te aceito do jeito que tu és", diz Andrea. Uma lição que todos nós deveríamos propagar.

Onde encontrar a equoterapia?
São 300 centros de equoterapia espalhados pelo país, onde já foram atendidos 60 mil praticantes, de acordo com a Associação Nacional de Equoterapia. Em Brasília, na sede, as aulas são gratuitas; nas outra unidades é preciso verificar.

Algumas escolas são pagas e outras, como a Walking Terapia, oferece 70% das aulas gratuitamente. Os outros 30% pagam pelo serviço, que custa R$ 360 por mês. Para não aumentar a fila de espera, a Walking e muitos outros centros disponibilizam cartas de apadrinhamento, que podem ser pagos por empresas ou pessoas físicas.

É importante que o centro tenha um médico responsável (muitos não têm) para fazer uma avaliação rigorosa na criança, já que há contraindicação nos casos de epilepsia, luxação de quadril, doenças degenerativas, osteoporose grave, entre outros.

Abaixo, veja a lista de sites de alguns centros especializados. No site da Associação Nacional de Equoterapia há uma lista completa dos filiados de todo o Brasil.

Walking Terapia, em São Paulo (SP)

Fundação Rancho GG, em Ibiúna (SP)

Centro de Equoterapia e Reabilitação da Vila Militar, no Rio de Janeiro

Centro de Equoterapia de Varginha- Mundo Equo, em Minas Gerais

Associação Baiana de Equoterapia, em Salvador (BA)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O paradoxo do tempo perdido


Postado por Maria Célia Becattini





Em palestra para gestores educacionais, criador do movimento Uncollege conta por que abandonou a escola para viver outras experiências e ensinar pessoas do mundo todo a fazer o mesmo

Por Cinthia Rodrigues

Um jovem de 22 anos vestido com camiseta e meias vermelhas sob um blazer social foi a principal estrela do Fórum de Lideranças Desafios da Educação, realizado pela Blackboard e pelo Grupo A Educação nesta quarta-feira (06/08), em São Paulo. A diferença de idade entre o palestrante e a veterana audiência só contrastava menos do que o propósito entre os dois: Dale Stephens estava no Instituto Insper para contar a 200 gestores de instituições privadas de ensino superior como deixou a escola e, mais tarde, a faculdade para viver de incentivar pessoas do mundo inteiro a fazer o mesmo.

Há 10 anos o norte-americano do Arkansas abandonou a 6ª série depois de um recesso de meio de ano para nunca mais voltar à escola básica. A reação dos pais, lembra, foi a esperada, se revoltaram, se frustraram, choraram. Por fim, foram convencidos: “Eu não tomei esta decisão por preguiça, mas para não perder mais tempo. Queria aprender coisas que fossem interessantes, não conteúdos que alguém disse que seriam úteis, e que 99% das pessoas esquecem em seguida”, contou.

Com uma foto de cada experiência, Stephens listou o que fez da vida nos seis anos seguintes. Aprendeu a tocar instrumentos musicais, trabalhar com ferramentas, montou projetos para encontrar soluções para situações do cotidiano e grupos de estudo de temas diversos na biblioteca. “Até trabalhei em uma instituição que, ironicamente, ajudava pessoas a entrar no ensino superior”, afirmou em sua performance, arrancando gargalhadas do público.

Neste último emprego, o adolescente foi questionado pelo chefe sobre por que não fazia faculdade. Em mais slides, com elaborados gráficos estatísticos, Stephens apresentou suas ponderações. Entre elas, estava o fato de a graduação custar cerca de 29 mil dólares nos EUA e que, em 2012, 53% dos norte-americanos formados em cursos superiores não haviam encontrado colocação no mercado. “Ninguém discorda de que é preciso educar a população, mas acho que países como os Estados Unidos precisam pensar quanto da população precisa ter determinada educação e a que custo.”

A plateia sentiu que marcou um ponto no tópico seguinte. “Cervejas e garotas”, estava escrito no próximo quadro. “Ok, se o conteúdo não é significativo para a maioria dos jovens e o diploma não garante emprego, que pelo menos o percurso seja divertido, certo?”, perguntou, recebendo apoio em forma de acenos e risos. Segundo Stephens, este foi um dos principais pontos que o incentivou a entrar em uma universidade. Acabou se submetendo a um processo seletivo e entrou no Hendrix College, mas achou improdutivo. “No final das contas, eu gostava mais de champanhe e garotos.”

Aos 19 anos, Dale, já reconhecido como um inovador em educação nos EUA, fundou o Uncollege, organização que incentiva pessoas a estudar por conta e até mesmo dá aulas de como fazê-lo. Em 2012, lançou o livro “Hack Your Education” com sua experiência que foi motivo de reportagem em revistas e televisões de todo país. O programa tem matriculados e, ironicamente, cursos presenciais pagos. No ano passado, a Forbes o reconheceu como uma das 30 pessoas mais influentes do mundo com idade abaixo dos 30 anos. Seu projeto para 2014 é formar a primeira turma no exterior. Destino escolhido: Ilhabela, São Paulo, Brasil.
Ao público que se dedica a fazer justamente o contrário, ou seja, levar mais jovens ao ensino superior, Dale afirmou que não acha que todos devem abandonar os estudos, mas também não acredita que todos precisam fazer cursos tradicionais. “A educação precisa passar por mudanças, e não vou conseguir isso sozinho. O sistema precisa mudar, por isso quero compartilhar com vocês algumas premissas às quais chegamos e que, na verdade, são bastante conhecidas, mas pouco praticadas”, disse.
As dicas do jovem empreendedor foram que o aprendizado requer:

- participação ativa, em que as pessoas não apenas ouçam, mas façam, toquem, sintam, vejam, viajem etc.

- contexto pessoal – o envolvimento ocorre quando o conteúdo tem sentido e utilidade concreta na vida do estudante.

- paradas para descanso – pesquisas mostram que uma parada de alguns minutos faz o cérebro absorver o dobro de informação na sequência.

- mentalidade de crescimento – pessoas com projetos em que os estudos a farão ser um ser humano mais valioso aprendem mais.

Parece que Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zuckerberg e outros famosos autodidatas que preferiram a própria metodologia à academia abriram portas para jovens que tomam as rédeas da própria educação.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Síndrome de Down ou espécie nova?

Postado por Maria Célia Becattini

Mulher das Flores ainda dá que falar


NICOLAU FERREIRA
05/08/2014 - 08:02

Novo estudo associa características de esqueleto encontrado em 2003 na ilha das Flores, Indonésia, a síndrome de Down e reacende debate sobre a existência ou não de uma nova espécie de humanos.





Reconstituição da mulher das Flores feita pela equipa da Susan Hayes
UNIVERSIDADE DE WOLLONGONG






TÓPICOS

Evolução humana
Investigação científica


Há cerca de dez anos que os paleoantropólogos em todo o mundo estão à espera da descoberta de mais esqueletos na ilha das Flores, na Indonésia, que iluminem uma vez por todas o mistério do hobbit. O nome dos seres inventados por John R. R. Tolkien serviu de alcunha ao esqueleto LB1 de uma mulher humana com um metro de altura, que viveu há 18.000 anos e morreu na gruta de Liang Bua, nas Flores.

A pequena estatura, o cérebro minúsculo, os pés grandes e outras características ósseas levaram a equipa que encontrou o esqueleto a anunciar em 2004, na revista Nature, a existência de uma nova espécie humana, para se juntar às outras que formam a complexa árvore da evolução humana: oHomo floresiensis.

Até então, julgava-se que há 18.000 anos a nossa espécie, o homem moderno ou Homo sapiens, já reinava sozinho na Terra. Por isso, a data dos ossos surpreendeu investigadores e o resto do público: o hobbit das Flores seria o outro sobrevivente de uma família humana maior, que resistiu numa ilha perdida.

Mas, desde o anúncio da descoberta, outros paleoantropólogos argumentaram que a mulher das Flores (e não um homem, como se pensou inicialmente) pertencia à nossa própria espécie, só que sofria uma doença congénita que tinha atrofiado o seu desenvolvimento. Outras equipas, à medida que analisaram as características do esqueleto, rejeitaram esta hipótese.

Agora, dois artigos da mesma equipa publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences dos Estados Unidos reavivam a polémica, defendendo que não se está perante uma espécie nova, apenas se encontrou o esqueleto de uma pessoa com trissomia 21.

“O tamanho do cérebro do LB1 está dentro da variação prevista para um indivíduo com síndrome de Down numa população [já de si] pequena daquela região geográfica, que inclui as Flores”, defende no resumo de um dos artigos a equipa liderada por Robert Eckhardt, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

A síndrome de Down é uma anomalia cromossómica, em que os portadores têm três cromossomas 21, em vez dos dois normais. Esta variação causa alterações no desenvolvimento, provocando problemas cognitivos, o início precoce da doença de Alzheimer, entre outros. Além disso, são geralmente pessoas mais baixas. Há casos de trissomia 21 noutros primatas. Segundo o artigo, já se encontraram esqueletos de homens modernos com características semelhantes à da mulher das Flores.

“Não fiquei convencida de que é síndrome de Down, mas há uma data de características do esqueleto que são de patologia”, defende Eugénia Cunha, paleoantropóloga da Universidade de Coimbra, apontando por exemplo para a grande assimetria facial que o fóssil apresenta. “Essas características começam agora a ser valorizadas”, diz a investigadora portuguesa, que não fez parte do estudo.

O esqueleto LB1, que não está fossilizado, foi encontrado em 2003 na Liang Bua juntamente com ossos de outros humanos, que estavam muito mais incompletos do que a mulher das Flores. O único crânio encontrado foi o do indivíduo LB1, que apresenta um volume de 430 centímetros cúbicos. O crânio do homem moderno tem três vezes este volume. Mas, naquela região, os homens modernos de há 18.000 anos encontrados em escavações na ilha de Palau, na Micronésia, tinham cérebros um pouco mais pequenos.

Do lado dos cientistas que defendem que estamos perante uma nova espécie, o conjunto estranho de características morfológicas dos ossos da mulher das Flores já levaram a hipóteses cada vez mais extremas sobre a origem doHomo floresiensis. Uma delas defende que este humano provém das primeiras espécies de Homo, como o Homo rudolfensis ou o Homo habilis, que nunca saíram de África. Para isso, terá de ter havido uma migração para Ásia anterior à da do Homo erectus. Só que os vestígios fósseis dessa migração nunca foram descobertos até agora.

Todos os proponentes desta nova espécie argumentam que esses humanos, quando chegaram às Flores, encolheram de tamanho, tal como acontece com outras espécies que se adaptam a territórios mais pequenos e com recursos limitados como as ilhas. Dessa forma, cada indivíduo passa a necessitar de menos recursos.

“Nunca mais se descobriu outro esqueleto naquela ilha”, aponta Eugénia Cunha, o que levanta dúvidas sobre se um fóssil isolado pode representar uma nova espécie. “Estes artigos vão reacender a polémica — e ainda bem.” Como o esqueleto não está fossilizado, a cientista defende que uma análise genética poderia ajudar a tirar as teimas. Algumas equipas estão a tentar extrair ADN dos ossos desde a década passada, algo que ainda não deu frutos.