sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Estudo propõe educação inclusiva para crianças surdas e autistas

Postado por Maria Célia Becattini
Educação - Edição do mês


Projetos são desdobramentos das reflexões em torno dos grandes desafios da Interação Humano-Computador

Desde 2006, a Sociedade Brasileira de Computação promove uma reflexão conjunta de pesquisadores sobre grandes desafios da pesquisa em computação no Brasil. Uma das linhas deste debate é a Interação Humano-Computador (IHC), que definiu cinco desafios para serem avaliados para o decênio 2012-2022: Futuro, Cidades Inteligentes e Sustentabilidade; Acessibilidade e Inclusão Digital; Ubiquidade, Múltiplos Dispositivos e Tangibilidade; Valores Humanos; Formação em IHC e Mercado.

O professor Ig Ibert Bittencourt, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), integra a pesquisa sobre Acessibilidade e Inclusão Digital. Após a apresentação do relatório, os grupos estão se dedicando a criar alternativas para o enfrentamento dos desafios avaliados.

O Instituto de Computação (IC) da Ufal está com duas linhas de atuação em acessibilidade: uma pesquisa sobre recursos tecnológicos para a educação em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, e outra voltada às crianças com autismo. "A proposta é desenvolver tecnologia que possibilite a inclusão de crianças em fase de alfabetização. Que recursos tecnológicos podem auxiliar os educadores na interação e na comunicação com crianças surdas e autistas no ambiente escolar?", questionou o professor Ig Ibert.

Segundo o pesquisador, que tem acompanhado estudos desenvolvidos pelo Centro de Educação (Cedu), existe uma grande dificuldade para as crianças surdas aprenderem o Português. Já as crianças ouvintes têm pouco interesse ou estímulo em aprender a Língua Brasileira de Sinais. Essa situação impõe uma barreira na comunicação entre os dois grupos. "Diante dessa realidade, pensamos em desenvolver um jogo didático que facilite a alfabetização bilíngue. Temos um protótipo em desenvolvimento, que ainda não foi testado", revelou.

O trabalho com a Língua Brasileira de Sinais está sendo realizado pelo aluno do mestrado, Denys Fellipe Souza Rocha. "Apesar de não ter ninguém no meu circulo de convivência com surdez, fiquei interessado nessa linha de pesquisa. Quando entrei na Universidade, fui informado de um projeto de tradutor da Língua de Sinais que estava em desenvolvimento desde 2001, e que estava parado porque faltava alguém para fazer as animações e alimentar o banco de dados do aplicativo com Sinais de Libras", relatou o estudante.

Denys Rocha desenvolveu então o AssistLibras, que é um assistente de construção de símbolos da Língua Brasileira de Sinais, projetado para que qualquer leigo em computação gráfica possa criar as representações. O estudo foi premiado como o melhor Trabalho de Conclusão de Curso, durante o Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, realizado na Universidade de Campinas (Unicamp), em novembro de 2013.

Outro desafio é contribuir com tecnologias que facilitem a inclusão escolar de crianças autistas. Não é uma tarefa fácil, porque escolas e educadores ainda estão pouco preparados para lidar com crianças que têm esse transtorno de desenvolvimento, que afeta as habilidades sociais e de comunicação.

Até mesmo as leis que garantem a convivência escolar para crianças com deficiência são recentes e a capacitação dos professores para lidar com as diferenças dentro de uma mesma sala de aula ainda está no início, fomentando muitas pesquisas e debates. Isso tudo não impediu que o aluno Ezequiel Batista, do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), se interessasse pelo tema.

Ele integrou um grupo, que desenvolveu o aplicativo ABC Autismo, um jogo baseado em estudos da psicolinguística, criado para facilitar a aprendizagem de crianças e jovens com autismo, utilizando atividades interativas e atrativas. O aplicativo foi apresentado em feiras de informática e teve uma boa aceitação. Ele está disponível no Google Play para plataformas Android e já teve mais de quatro mil downloads.

Fonte: http://www.ufal.edu.br/

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