sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Dislexia: buscando uma nova forma de aprender

Publicado por Maria CéliaBecattini

O primeiro diagnóstico, levantado como suspeita pela proprietária da escola, foi déficit de atenção e hiperatividade, e a recomendação foi procurar ajuda médica
Redação Folha Vitória


A dislexia é um transtorno de aprendizagem definido pela dificuldade em ler e escrever
Foto: ​Divulgação

“O que o meu filho tem, por que ele não aprende?” Essa era a dúvida que não saía da cabeça da comerciante Elaine Cardoso Guedes Caetano. Foi quando seu filho Leandro estava com cinco anos que ela começou a perceber que apesar de ter sido um bebê bastante esperto, ter começado a andar aos nove meses e já andar de bicicleta antes dos dois anos, não conseguia acompanhar os amiguinhos na escola. Ele não conseguia entender os números e as cores, no outro dia já não lembrava o que tinha visto no dia anterior na aula e apresentava algumas dificuldades.

O primeiro diagnóstico, levantado como suspeita pela proprietária da escola, foi déficit de atenção e hiperatividade, e a recomendação foi procurar ajuda médica. A partir daí, foram várias consultas e inúmeros exames, todos com resultados dentro do normal, até que a neurologista e a psicopedagoga chegaram a um veredicto: Leandro tinha dislexia. Após o choque inicial e a busca por informações, começou a batalha da família.

“Na época eu não conhecia nada sobre dislexia. No início do tratamento ele tinha a autoestima muito baixa, se recusava a responder porque estava abalado, ele via as crianças fazerem e ele não conseguia. Depois desse período a neurologista e a psicopedagoga conseguiram se aproximar mais dele e então foi melhorando. Ele começou a tomar remédio e elas trabalhavam muito a autoestima, faziam joguinhos e ele se saía muito bem”, conta a mãe.

Hoje Leandro está com 15 anos e continua firme na luta com a ajuda de um médico neurologista. As doses de remédio já foram reduzidas e o seu desempenho com jogos e vídeos é excelente.

Entendendo a dislexia

A dislexia é um transtorno de aprendizagem definido pela dificuldade em ler e escrever. O que ocorre são falhas nas conexões cerebrais que trazem dificuldade para associar o símbolo gráfico e as letras ao som que elas representam. Assim, o diléxico não consegue organizá-los mentalmente numa sequência coerente. No Brasil, cerca de 5% da população sofre com o problema, de acordo com o Instituto ABCD, organização social voltada para jovens com dislexia e outras dificuldades de aprendizagem. No mundo, 17% das pessoas possuem o transtorno.

A doença é uma herança genética e não tem relações com distúrbios psicológicos, por isso não tem cura. O tratamento é multidisciplinar e envolve fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos e neurologistas e, se feito com regularidade, possibilita uma vida normal aos portadores do transtorno, já que o desenvolvimento intelectual e a capacidade de comunicação não são afetados, de acordo com especialistas.

O educador tem papel fundamental no diagnóstico de uma criança disléxica. É ele que vai perceber, durante a alfabetização, se a evolução do aluno está abaixo da esperada. Se for esse o caso, a criança deve ser submetida à análise de professores, psicólogos e fonoaudiólogos para saber se ela tem dificuldades pontuais ou se é disléxica.

Os sintomas não são difíceis de ser reconhecidos. Geralmente, crianças com dislexia costumam demorar mais para ler do que as outras, já que elas têm dificuldade em identificar palavras e associá-las a seus sentidos. Letras com sons parecidos, como P e T, costumam ser trocadas na escrita, o que acarreta erros ortográficos. Além disso, crianças disléxicas também têm dificuldade de memorizar regras de ortografia e até de juntar duas letras para formar uma sílaba simples.

Esses sintomas são sérios e reconhecidos pela legislação brasileira. Atualmente, o aluno disléxico e que apresenta transtornos relacionados à aprendizagem conta com várias leis em vigor para auxiliar seu aprendizado. O estudante tem direito a ter um intérprete para ajudá-lo na prova, a ditar a redação e pode usar calculadora para cálculos, por exemplo.

O mais importante é saber que o diagnóstico da dislexia não é uma condenação de não-aprendizagem. Com esforço, acompanhamento profissional e a parceria da escola com a família, o portador de dislexia tem grandes chances de até chegar a ser um Presidente da República, como o ex-presidente norte-americano Franklin Roosevelt. Sim, ele era disléxico!

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