É possível usar música, exercícios físicos e até óculos escuros para ativar memórias ou estabelecer um sistema que faça seu cérebro e vocês mais felizes
06/01/2016 - 12H29 - POR ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE
(FOTO: ISTOCK)
Oque fará com que você seja feliz? O conceito de felicidade pode variar, mas para a neurociência, a pergunta é: o que fará seu cérebro ser feliz? Em um artigo para a Time, o jornalista Eric Barker conversou com Alex Korb, pesquisador com pós-doutorado em neurociência na Universidade da Califórnia e autor do livro “The Upward Spiral”. Korb cita cinco hábitos que poderiam fazer seu cérebro – e, consequentemente, você – feliz.
1.Ouça músicas da época mais feliz de sua vida
A música afeta o seu cérebro de uma forma interessante: é capaz de ativar memórias de lugares e situações em que você ouviu aquela canção. Se você foi muito feliz na infância ou na faculdade, basta ouvir a música que você mais gostava naquele período para ser transportado imediatamente para esse “lugar feliz” – afetando seu humor. “A música tem a habilidade de nos lembrar de ambientes nos quais ouvimos essa canção. Isso é feito por uma estrutura límbica chamada hipocampo, que é muito importante para o contexto da memória dependente”. Trocando em miúdos: ao ouvir uma canção, você se sente conectado ao momento em que era mais feliz e essa memória se torna mais presente em sua vida.
2. Sorria – e use óculos escuros
O cérebro nem sempre é tão “esperto” quanto parece: ao ser bombardeado por informações vindas de fontes diferentes, ele não se sente tão seguro e procura por “pistas”. Esse processo é chamado de “biofeedback”. “Trata-se da ideia de que seu cérebro está sempre ‘sentindo’ o que está acontecendo com seu corpo e revisando a informação para decidir como se sente em relação ao mundo”, diz Alex Korb. “Quando você se sente feliz, você sorri. Mas também funciona de outro jeito: quando você sorri, seu cérebro pode detectar isso e entender ‘Estou sorrindo. Isso quer dizer que estou feliz’”. Portanto, se estiver num daqueles dias difíceis, lembre-se: sorria, pois isso vai produzir felicidade. Pesquisas mostram que sorrir dá ao cérebro a mesma sensação de prazer que 2 mil barras de chocolate.
E essa história de óculos escuros? Em dias ensolarados, quando você está na rua, a tendência é franzir os olhos. O cérebro pode interpretar esse ato como “preocupação”. Ao usar óculos escuros, você ajudará seu cérebro a pensar que “está tudo bem”. “É uma maneira fácil e simples de interromper o processo do feedback. Então sorria. E use óculos escuros – eles vão fazer com que você pareça ‘cool’ e vão te fazer mais feliz”, diz o pesquisador Alex Korb.
3. Pensar sobre objetivos muda a forma como você vê o mundo
Quando você está estressado ou vive um momento difícil, pense sobre seus objetivos de longo prazo. Isso dará a seu cérebro a sensação de que está no “controle” e, portanto, vai liberar uma substância chamada dopamina, que fará você se sentir melhor e mais motivado. “Às vezes, quando temos a impressão de que tudo está dando errado, não é preciso mudar o mundo, basta mudar a forma como você percebe as coisas a seu redor para gerar um efeito positivo. Ao pensar ‘o que estou tentando alcançar com esta meta de longo prazo?’ Ao estabelecer essa linha de pensamento, fazer sua tarefa se torna recompensante, pois o cérebro entende que está trabalhando para chegar lá”, afirma Korb. “O cérebro percebe que o esforço é para atingir esse objetivo maior”.
4. Tenha uma boa noite de sono
Estresse, ansiedade e depressão são capazes de afetar o padrão de sono. Da mesma forma, “dormir mal” também causa depressão. Portanto, é importante garantir uma boa noite de sono. A neurociência tem várias dicas para isso: no meio do dia, saia do ambiente do escritório e vá para a rua ou para um parque a fim de se expor à luz do dia; da mesma forma, à noite, escolha um ambiente escuro e confortável. Estabelecer um “ritual” para o sono também ajuda o cérebro a se preparar para o repouso e o dia seguinte. Por isso, é bom evitar computadores e aparelhos de TV logo antes de dormir. Mais? Anotar em um caderno o que aconteceu de bom no dia ou coisas pelas quais você é grato em sua vida.
5. Como a neurociência pode vencer a procrastinação
Há três regiões no cérebro com as quais é preciso se preocupar: o córtex pré-frontal (que pensa em objetivos de longo prazo), o estriado dorsal (que considera coisas feitas no passado) e o núcleo accumbens (que nos leva a escolher as coisas mais divertidas, em vez de trabalhar). Portanto, quando você se esforça, o córtex pré-frontal se sobrepõe aos outros dois. Ao repetir o processo, você consegue estabelecer um padrão e construir bons hábitos. O que pode atrapalhar o processo? Estresse. “O estresse enfraquece o córtex pré-frontal”, diz Alex Korb.
“Essa parte do seu cérebro não possui recursos ilimitados, então não consegue ficar em alerta o tempo todo. E nisso o seu estriado vem com medidas para aliviar o estresse, como tomar uma cerveja, comer um biscoito”. Resumindo: para estabelecer bons hábitos, reduza o nível de estresse. E se estiver em um momento difícil no trabalho, encontre uma coisa para dar a partida no processo. Isso vai fazer com que se concentre melhor e evitará que o cérebro se “atrapalhe”. “O que eu poderia fazer para avançar em relação a meu objetivo? Dar um passo pequeno de cada vez pode tornar um grande projeto algo mais fácil de ser gerenciado”, explica Alex Korb.
E o que mais? Faça uma caminhada todas as manhãs pela rua ou num local aberto – de preferência acompanhado de um amigo. “Ao caminhar ao ar livre, você se expõe ao sol e colherá benefícios para dormir melhor à noite, além do impacto no sistema de produção de serotonina. Se fizer isso diariamente, esse hábito ficará gravado no seu estriado dorsal e se tornará um bom hábito. Se estiver acompanhado de um amigo, ainda melhor porque você tem o benefício da conexão social”, diz o pesquisador Alex Korb. E se o dia estiver bem ensolarado, vá de óculos escuros. E sorria.
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