quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Inclusão escolar de autistas: o papel do professor

Publicado por Maria Célia Becattini



A inclusão escolar de crianças com autismo no ensino regular depende de cada escola, como um todo, mas o professor tem um papel essencial. Conhecer o espectro e suas limitações é fundamental!

Apesar das características em comum, ligadas à comunicação, ao comportamento e à socialização, cada criança dentro do espectro é única, com necessidades educacionais específicas. O olhar atento e o engajamento do professor poderão garantir ao aluno um melhor aproveitamento no aprendizado escolar, além de contribuir para sua inclusão social.

Aqui vão algumas dicas a serem adotadas, que não garantem a total inclusão, mas contribuem significativamente:
Manter a sala organizada: as carteiras, os materiais, os livros. A criança com autismo já é superestimulada pelo ambiente naturalmente. A poluição visual pode dificultar ainda mais sua concentração.
Ensinar limites utilizando menos o “não” e mais o que deve ser feito. Ao invés de dizer “Não fique de pé!“, prefira “Agora é hora de sentar!“. Dizer “não” abre muitas possibilidades do que pode ser feito.
Estabeleça uma rotina semanal e a mantenha durante o ano todo. Deixe-a bem visível na sala de aula. É muito importante que a criança com autismo tenha essa previsibilidade do que irá acontecer. Então, tem-se a chegada, lanche, atividade, hora da história, parquinho, por exemplo, sempre nos mesmos horários. Quando for necessário fazer alterações nessa rotina, avisar com antecedência e mantê-la visível. (veja aqui algumas dicas sobre rotinas)
Barulhos, tumulto, excesso de informações, a necessidade de estar atento, estímulos externos, tudo isso junto pode deixar a criança irritada. O estresse pode levá-la a uma crise nervosa, por isso é muito importante estar atento aos sinais de que algo não vai bem. Pode ser necessário deixá-la um tempo sozinha, em um espaço silencioso e escuro, com poucos estímulos, até que se tranquilize.
Por falar em um tempo só, uma grande tendência nos autistas é se isolar, querer brincar e fazer atividades sozinhos. O que não significa que não devam ser convidados a participar das atividades. Geralmente gostam muito de participar junto!
Alguns possuem interesse específico em algum tema ou assunto. Você pode utilizar esse interesse para atrair e conquistar a criança, mas precisará motivá-la a se interessar por outros assuntos também.
Atenção ao bullying! Outras crianças podem achar diferente o modo da criança autista falar, se movimentar, fazer estereotipias, ser repetitivo… é muito importante estar atento para que não se torne alvo de piadas e discriminações.
Tenha o cuidado de chamar sempre a criança pelo nome e ter certeza de que ela está atenta. Ecolalia (ou repetição) não é sinônimo de compreensão. Algumas crianças apenas repetem algo que foi dito e pode parecer que compreenderam. Por exemplo: “Você quer bolacha ou maçã?“, e ela responde “Maçã!“, sem compreender o que foi solicitado. (veja aqui algumas dicas sobre ecolalia)
Se você perceber que a criança precisa de algum tipo de reforço ou ajuste pedagógico, converse com os pais. Estamos geralmente dispostos a cooperar.

Esteja certo de que nós, pais, buscamos uma parceria na educação. Qualquer dúvida (qualquer dúvida mesmo!), não deixe de nos perguntar, por mais que pareça algo sem importância.

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