segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

TDAH – Carta de um aluno ao seu professor

Publicado por Maria Célia Becattini

Oibrigado por ler a minha carta.


Eu sou o aluno que normalmente não para quieto na carteira, ao que você pede muitas vezes que fique calado. E que, às vezes, quando você explica, entende antes que termine a explicação, mas, se tem que repetir, se aborrece. Às vezes, posso ser muito mal-educado ou explosivo para chamar a atenção. Eu gosto de falar de assuntos que você crê que não são para a minha idade. Você está sempre dizendo aos meus pais que não posso aprender, contudo, se algo me interessa, eu aprendo facilmente, mas, quando tenho suficientes conhecimentos, abandono por desinteresse. Não respondo à autoridade, mas sim ao entendimento e às explicações. Aprendo por imitação, seu exemplo é muito importante. Segundo você, sempre estou rompendo normas e criando umas novas. Sou um gênio “em potencial” que, se me centrasse em algo, seria o melhor…

Meus pais me levaram ao médico e disseram que tenho TDA-H, uma coisa chamada Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, e isso quer dizer que não paro quieto, não posso concentrar-me durante muito tempo, me distraio facilmente e, além do mais sou hiperativo.

O médico queria que eu tomasse Ritalina®. Minha mãe disse que isso nem pensar, que as anfetaminas somente criam drogados. Então, minha mãe pesquisou e faço coisas que coloco minha energia (esporte, artes marciais, Tai-chi, ioga) e ela evita me dar alimentos com açúcar 

e assim me sinto mais relaxado.

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Não gosto que me tratem como uma criança pequena, apesar de que certas coisas eu sei menos, mas isso não significa que não sei, estou em processo. Se tivesse mais tempo para assimilar as coisas, aprenderia de forma diferente.

Se não aprendo de uma forma tradicional… por que me ensina sempre da mesma forma? E se fosse de uma forma mais prática? Estou perguntando sempre por quê? Isso não quer dizer que estou colocando você à prova, somente significa que tenho curiosidade.

Se não sabe a resposta, diga. Não tem problema! Só me ajude para que eu encontre a resposta. Gostaria que me incluísse nas decisões que me afetam, não sou simplesmente mais um aluno. Gostaria também que você reconhecesse que sou diferente, não que me classifique como diferente. Quando não posso me concentrar, faça alguma atividade diferente: um jogo, dê uma saidinha… mas não grite comigo.

Sei que, muitas vezes, se desespera em classe, p
ois simplesmente a ignoro.
Você tem se preocupado em saber o que acontece comigo?

Um abraço com amor
José Manuel

(Esta carta foi escrita por José Manuel Piedrafita Moreno, hoje educador e escritor do livro “Niños Indigo – Educar em la Nueva Vibración) in TDA-H da Teoria à Prática de Clarice Peres – RJ: Wak Editora, 2013.

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