Cientistas disputam descoberta da causa da síndrome de Down
Marthe Gautier
Crédito da foto: Le Monde
Marthe Gautier, médica e cientista francesa de 88 anos, está no centro de uma disputa envolvendo a descoberta da síndrome de Down. Ela afirma ter sido a primeira pessoa a identificar o terceiro cromossomo que caracteriza a condição genética.
A polêmica veio à tona após a Federação Francesa de Genética Humana ter homenageado Marthe pela descoberta no fim de janeiro. Na ocasião, representantes da Fundação Jérôme Lejeune (FJL) foram à Justiça contra o prêmio.
Morto em 1994, Lejeune é reconhecido hoje como principal responsável pela descoberta. Sob coordenação de Raymond Turpin, ele trabalhava com Marthe no hospital parisiense Armand-Trousseau em 1958 – ano em que a alteração foi identificada.
História
Marthe chegou ao hospital em 1956 – após estagiar na Harvard Medical School, em Boston. Alocada na unidade pediátrica, ela analisava células de um paciente Down e outro sem a doença quando teria percebido a presença de um cromossomo a mais na primeira amostra – o que teria acontecido em maio de 1958.
“Eu era inocente e, a pedido de Lejeune, cedi minhas amostras para que ele fotografasse”, afirmou a cientista ao jornal francês Le Monde. Isso teria acontecido em junho daquele ano. À época, Lejeune buscava a origem da síndrome de Down por meio da dermatoglifia (estudo de impressões digitais).
Segundo Marthe, seis meses depois de ela ter cedido as amostras, Lejeune anunciava num estudo a ligação da doença com a presença do cromossomo que ela teria descoberto.
No artigo então publicado pela revista da Academia Francesa de Ciências, ele aparece como principal pesquisador, ao lado de Turpin e Marthe – erradamente creditada como Mary Gauthier.
Nobel
“Lejeune era ambicioso e queria essa assinatura para concorrer ao prêmio Nobel”, afirmou Marthe – que, no começo da década de 1960, abandonou a área de genética e passou a se dedicar a cardiologia infantil.
De acordo com a FJL, as afirmações de Marthe vêm manchar a imagem de Lejeune – que, após ter recebido vários prêmios em vida pela descoberta, está em processo de beatificação pela Igreja Católica desde 2007.
Caracterizada pela presença de um cromossomo 21 a mais no DNA, a síndrome de Down é uma ocorrência genética que aintge 1 a cada 1.000 crianças nascidas – segundo dados da ONU. O nome é uma homenagem ao médico inglês John Langdon Down – que, em 1862, foi o primeiro a descrever a síndrome.
Fonte: Revista Exame
Postado Por Maria Célia Becattini
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