domingo, 6 de julho de 2014

Genética ajuda a entender por que autismo é mais comum em meninos

Postado pr Maria Célia Becattini



Apesar de as causas do autismo ainda não estarem totalmente esclarecidas, diversas pesquisas indicam que hormônios sexuais podem contribuir para sua ocorrência, já que o distúrbio é quatro vezes mais comum em meninos. Agora, um estudo publicado pelo PLoS ONE mostra que interações genéticas ajudam a entender alguns dos principais sintomas e explicar essa discrepante prevalência em crianças do sexo masculino.


A bióloga Valerie Hu, do Centro Médico da Universidade George Washington, e sua equipe descobriram que o gene retinoic acid-related orphan receptor-alpha (Rora, na sigla em inglês), que controla a produção de aromatase – uma enzima pouco presente em pessoas com autismo –, interage com o estrogênio e com a testosterona encontrados no cérebro.


Após analisar células neurais de doadores autistas já falecidos, os pesquisadores descobriram que quanto mais testosterona havia, menos ativo era o Rora – o que leva à diminuição de aromatase, responsável por converter testosterona em estrogênio. Em geral, o equilíbrio entre os hormônios sexuais regula a atividade do Rora e mantém os níveis de produção enzimática estáveis, mas uma pequena alteração pode desarticular todo o circuito. Pesquisas mostram também que camundongos desprovidos desse gene se fixam demoradamente em objetos e apresentam comportamento explorador limitado, como a maioria dos autistas.


Os autores do trabalho sugerem que esse desequilíbrio em cadeia possa ser uma das causas do distúrbio e que altos níveis do hormônio feminino estrogênio poderiam evitar o transtorno. “Eu não creio que um único gene responda a todas as questões, mas entender mais sobre o Rora sem dúvida pode ser um caminho”, reforça Valerie.

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